No aniversário do poeta resolvi reunir minhas "Drummondianas".
Que ele não se ofenda pela qualidade (falta) de meus versos:
Simplicidade II
Sou afeito às coisas simples
aos amores simples sem mistérios
aos sofreres simples e indolores
e à calma da vida interiorana...
Não me agradam as cidades complexas
da metropolitana solidão vivida às pressas.
Sou afeito ao meu chão de interior
onde o amor nasce simples e cresce lento
e onde até o morrer não faça alarde...
Tudo é assim – simplicidade
na cidade simples em que vivo
a vida besta que Drummond cantava em poesia.
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais Reservados
Drummondiana III
Uma casa passa devagar...
Uma janela passa devagar...
Devagar um burro olha!
A vida é besta...
Mas dá um vontade!
Uma janela passa devagar...
Devagar um burro olha!
A vida é besta...
Mas dá um vontade!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
Drummondiana II
(no centenário do Poeta)
Encontro-me com José
no bar da esquina,
cansado dos filhos e do trabalho.
José no baralho
discutindo futebol com propriedade de técnico...
José operário...
José epilético...
José pé-de-cana!
Um José tão bacana...
O que se deu com José?
E José tagarela sem falar coisa com coisa...
Pede outra cerveja que nem toma...
Tenho pena, José!
E levo pelos braços rua afora
um José que reclama e chora feito menino...
Um José sem destino
que eu nem sei onde mora.
“E agora, José?”
“José, para onde?”
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais Reservados
Drummondiana
Tenho a idade da pedra,
de quando medra a civilização...
A pedra lascada, polida...
A pedra lançada.
Rotunda, pontiaguda,
projetada pela funda de Davi
e derrubando Golias...
A mesma pedra
que o poeta deixou em meu caminho.
Eu que contando estrelas não a vi;
tropecei, caí numa pedra irmã.
Fiquei sem amanhã;
cheguei ao céu do eternamente...
E o porteiro, um velho conhecido,
É Pedro - a pedra que me interroga
sobre como vim parar aqui.
Solene, eu respondo ter sido a pedra esquecida,
a perda da vida...
A pedra da vida...
A pedra esquecida no caminho do poeta
“No meio do caminho tinha uma pedra”.
Se o poeta a viu, que a tirasse e, talvez
eu ficasse no caminho um pouco mais...
Lá embaixo o corpo descansa
sob uma lápide (outra pedra)...
“Descanse em paz!”
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais Reservados
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