Nasceu tão pequenina, feia, esquálida
e deu-se à luz, mortiça, tênue, tépida.
De lânguida expressão desde a crisálida
fadada a não vingar, ficar inválida...
Mas eis que ela se abriu assim intrépida,
se pincelou de cor nas asas pálidas
e foi de flor em flor, voando lépida.
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
As janelas do desmazelo
Pequenas janelas
escondem grandes mazelas
no apê do zelador
que zela pelo morador...
Janelas desiguais...
horizontes desiguais.
Arquiteto elitista
esconde da vista
o zelador “Severino”.
Na senzala moderna
apenas uma fresta...
é tudo o que resta
ao escravo hodierno.
Não há pai eterno!
O calor é o inferno...
e a casa grande não presta!
Sem ar-condicionado
o coitado arde
no calor da tarde...
escondem grandes mazelas
no apê do zelador
que zela pelo morador...
Janelas desiguais...
horizontes desiguais.
Arquiteto elitista
esconde da vista
o zelador “Severino”.
Na senzala moderna
apenas uma fresta...
é tudo o que resta
ao escravo hodierno.
Não há pai eterno!
O calor é o inferno...
e a casa grande não presta!
Sem ar-condicionado
o coitado arde
no calor da tarde...
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Milagre Nordestino
No universo nordestino
todo filho é Severino,
quando no muito é Raimundo,
quando no muito é José...
A tez curtida é destino
e o bruto que foi menino
escava o solo infecundo
plantando um pouco de fé.
A seca do sol a pino
nega o fruto ao Severino,
nega os sonhos a Raimundo
e nega a vida a José....
Mas, nordestino da peste
não sente medo do agreste;
cava o solo bem mais fundo,
cava a cova de José.
Não sente dor, não tem mágoa.
Lá de dentro um fio d’água
vai brotando, pequenino...
O velho tira o chapéu
e olha ao céu, cheio de fé.
Põe no “couro” a água barrenta
e esparge como água benta
sobre o corpo de José!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
_________________________________________________
Coisa triste de se ver é a estupidez dos analfabetos políticos! As mensagens preconceituosas contra o Nordeste (que só fez ampliar a vitória de Dilma Rousseff, a primeira presidente) merecem esta velha poesia como resposta:
José Serra está politicamente morto e enterrado! Com ele o falso moralismo, o preconceito, o ódio e a política rasteira de quem jamais olhou para este povo sofrido do Nordeste do meu Brasil brasileiro!
todo filho é Severino,
quando no muito é Raimundo,
quando no muito é José...
A tez curtida é destino
e o bruto que foi menino
escava o solo infecundo
plantando um pouco de fé.
A seca do sol a pino
nega o fruto ao Severino,
nega os sonhos a Raimundo
e nega a vida a José....
Mas, nordestino da peste
não sente medo do agreste;
cava o solo bem mais fundo,
cava a cova de José.
Não sente dor, não tem mágoa.
Lá de dentro um fio d’água
vai brotando, pequenino...
O velho tira o chapéu
e olha ao céu, cheio de fé.
Põe no “couro” a água barrenta
e esparge como água benta
sobre o corpo de José!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
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Coisa triste de se ver é a estupidez dos analfabetos políticos! As mensagens preconceituosas contra o Nordeste (que só fez ampliar a vitória de Dilma Rousseff, a primeira presidente) merecem esta velha poesia como resposta:
José Serra está politicamente morto e enterrado! Com ele o falso moralismo, o preconceito, o ódio e a política rasteira de quem jamais olhou para este povo sofrido do Nordeste do meu Brasil brasileiro!
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Linhas tortas
Na linha vermelha/amarela
a cor da bala abala e acorda
a borda rala da favela...
Acorda e aborda um tema:
Não tema ou trema a queima sob a janela
que teima em lá estar - ousar!
A sala de estar - singela sala
na velha vala vil - viva seqüela...
Resvala a orelha a bala na linha vermelha/amarela;
revela o medo dela.
Favela acorda - transborda dentro dela!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
Ira patética
Tua ira não me aflige
e não me atinge a paz conquistada
nas muitas batalhas vencidas
nas poucas perdidas;
carrego na espada quebrada
um sangue rubro que tinge
e finge ser nada!
Não te temo os estertores
e a boca torta que espuma
o sangue da aorta...
Tu morres vazio de dores
e cheio de coisa nenhuma!
Bem antes do parto de tua mãe
eu já era mundo!
Não te temo, infeliz...
Sou fundo - raiz forte enterrada
e não tremo - sou profundo!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
e não me atinge a paz conquistada
nas muitas batalhas vencidas
nas poucas perdidas;
carrego na espada quebrada
um sangue rubro que tinge
e finge ser nada!
Não te temo os estertores
e a boca torta que espuma
o sangue da aorta...
Tu morres vazio de dores
e cheio de coisa nenhuma!
Bem antes do parto de tua mãe
eu já era mundo!
Não te temo, infeliz...
Sou fundo - raiz forte enterrada
e não tremo - sou profundo!
Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados
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