No sacrossanto templo que é meu corpo
após exéquias tristes e enfadonhas
e em lá menor um réquiem oficiado
dá-se um banquete de mim em despedida.
Eu sou servido aos decompositores
em meio a flores – cravos e jasmins!
O tempo passa e eu volto à forma pura.
Em relva verde cresço na colina
deixando à terra um vasto relicário...
E me rumina a vaca – outro repasto;
eu alimento o mundo! É minha sina
de volta ao solo em forma de excremento!
Mas outra parte etérea de mim mesmo
caminha a esmo, livre da matéria!
Eu sou lembrança, amor, dor e saudade.
Retrato amarelado na parede
enquanto a sede vida me amortalha
eu, morto, assombro a própria eternidade...
Reinaldo Luciano ©Direitos Autorais reservados
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