quarta-feira, 14 de março de 2012

Vindimador




Vindimo a dor contida em cada baga
como colhesse as chagas cultivadas
na safra dos anos já vividos
e as espremesse ao fim...

Vindimo a dor toda que sinto
qual fosse sangue tinto e seco...
Suave e doce a morte,
mas não me colhe por hora;
meu eu vindimador escolhe a vida,
encolhe-se quando desatina
e pisoteia a tina desgastada...

Vindimo a dor da vida entre dois polos
tentando o equilíbrio [quase indulto]
entre a fúria cega, insana,
ou o escuro e frio solo da adega
onde meus velhos monstros oculto
enquanto a sorte não me sega...

Reinaldo Luciano ©Direitos Autorais Reservados

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