sábado, 7 de janeiro de 2012

Quando eu for velho


Quando eu for velho, se for velho e não me for,
ainda irei, no fim, viver intensamente,
mesmo se o corpo esmorecer de tão cansado;
A mente intensa há de querer frágeis lembranças
ainda quando me faltar massa cinzenta.
E embora velho e sem memória e sem vigor
verá, quem queira, por detrás do olhar distante
meu eu menino saltitando em poças d'água.


Quando eu for velho, se for velho e não me for
terei vencido tudo mais - estarei pronto.
E ao me livrar do velho corpo estarei rindo
das desventuras que hoje penso ter vivido.
Ah! velho tonto! É-me tão bom quando me ensinas
e me preparas ao futuro que eu te lego...
E se eu me for antes de ter envelhecido,
guarda meus sonhos junto aos teus... Depois eu pego.


Errante


Perdi-me de mim na encruzilhada dos anos
enquanto estive só...
Dias sem sol, noites sem lua
e uma nua realidade envelhecida!
A vida qual estrada no deserto
e eu me cobri do pó da nulidade
de não ter mais a mim ou mais alguém;
Viver era um exercício da vontade...

A vida se desfez no pó dos anos,
no pó dos planos desfeitos,
no sufocar do peito e no ardor dos olhos;
vida seca - desertificação de sentimentos
e secura das lágrimas (ou mágoas)
numa estrada de pó;
é triste estar só e mais triste ser só...

Cruzei quarenta anos de deserto
e não me sinto certo de onde estou;
Será que um dia chega?
Será que me alcança
a parte de mim que ficou?

Reinaldo Luciano © Direitos Autorais Reservados

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