sexta-feira, 17 de maio de 2013

Dia gris




O dia acordou em tons de gris...
Da preguiça do sol e teimosia das nuvens
amanheci sem cores
mas sabendo de memória o arco-íris!
Não vi matizes,
porém, vi contornos...
Não senti o calor do verão já ao fim
mas, senti-me aquecido
enternecido de amores
e cores não vistas!

Amanheci em tons de cinza
e embora não veja o azul do céu
eu me sei como o sol (mesmo não visto)
e insisto
e sou feliz...

ReinaldoLuciano©

sábado, 11 de maio de 2013

Insônia


A noite cai... e avança...
Rolo na cama...
Fico à espera do sono que não vem...
Velho drama
da insônia que me impõe seu castigo...
A vigília forçada
e outra noite sem sono
no abandono dos lençóis...
Outra noite... mais uma...
Olho ao lado a que dorme e ressona...
E eu aqui sem dormir...
Quero rir... ou gritar,
mas é noite; e os vizinhos...
Eles dormem, também!
Tudo dorme... é a noite!
E eu, insone, escutando o silêncio
e o longínquo ladrar de algum cão.
Noite, madrugada, insônia...
Triste combinação!
Os ponteiros avançam, sem pressa,
como se dormissem também...
Amanhece...
Ela acorda e diz: “Bom dia!”
Mal respondo... é o humor.
Deixa a cama vazia
e eu só, a esperar...
Sinto o dia... é o agito...
Quase grito, mas enfim!
Finalmente eu vencido,
sinto sono! Agradeço!
Amanhece... adormeço...
E me apago
feito uma lâmpada cansada da noite
e que não clareia o dia!

ReinaldoLuciano© ‏

Nas horas mortas


São quatro da manhã - pra que tantos relógios?
Se me basta o envenenado espetar de um só ponteiro
enquanto avança a madrugada...
Nada de mais - ademais o silêncio é que atordoa
enquanto a aranha se assanha no canto esquecido da parede
e tece sua teia indiferente qual fosse um destino...

Eu - menino - em pleno voo apanhado, calado,
colhido e tolhido de quaisquer movimentos...
(nem ousa o pensamento e não se mexe)
Minha alma finge-se de morta
enquanto entra sob a porta, sorrateiro e indesejado,
o frio do outono/inverno...

São quatro e meia...
Ponho nos pés frios um tardio par de meias já puídas –
como a vida puída sem meias-verdades...
Lá fora a lua míngua distante e calada;
minguada também é a mensagem que se perde:
Merde! (em bom francês, mas também fede)
E a madrugada avança indiferente
ao penetrante dardo (ponteiro) no bardo diletante...
A sede não cede - nem a fome.


— Pede-se não fumar! - Nem tome água...
nem tome da mágoa envenenada!


Madrugada ressoa o silêncio...


Tome vergonha, pamonha! Esqueça o necrológio!
Esqueça o martelar da consciência na cabeça
e quebre de uma vez esse relógio...


ReinaldoLuciano© ‏