segunda-feira, 4 de abril de 2011

Acorrentados [2]

Estes versos que fiz acorrentados
não são meus versos - não sou eu.
Não se assenhoram mais de meus princípios,
meus meios e meus fins. Nada disso é meu
e nem eu me pertenço. Sou a revolta...
Eu sou o grito de alerta no vazio
e não me reconheço assim atado
aos sonhos enterrados nas lembranças...
As esperanças foram um desvario
e não me reconheço escravo
nem me confesso prisioneiro
de sonhos não vividos.
Não sou escravo dos sentidos
e já não tenho grilhões para partir.
Não há razão para chorar,
amar - talvez. Morrer? Não sei... Talvez dormir,
mas não me sei ou sinto prisioneiro...
A liberdade em mim quebra correntes
ainda que sangre ou morra.
E se ser livre tem um preço
é o preço que pago indiferente
sem ver quanto custa,
se a paga é justa.
Não quero mais meus pés acorrentados
ou mãos tolhidas por grilhões de outros senhores...
Resgato os meus valores
e a vida sem senões, sermões vazios.
Eu quero a liberdade e desafio
a quem tente tomá-la a qualquer sorte.
Sou branco, negro e índio, mas senzala?
Senzala é escravidão... Prefiro a morte!

Reinaldo Luciano © Direitos Autorais reservados